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Breve biografia de Carlos Alfredo Hablitzel

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Breve biografia de Carlos Alfredo Hablitzel

Breve biografia de Carlos Alfredo Hablitzel

Nascido em Basiléia, Suiça, a 15 de janeiro de 1919, Carlos Alfredo Hablitzel foi o fundador do extinto Museu Histórico Naval de São Vicente, cujo acervo passou à guarda da Sociedade Museu do Mar em 1993, encontrando-se desde 2005 em exposição no Museu Marítimo de Santos. 

Paralelamente ao desenvolvimento de suas atividades profissionais como engenheiro civil, Hablitzel dedicou 45 anos de estudos nas áreas de História Marítima e naufrágios, tornando-se um dos mais abalizados pesquisadores brasileiros nos referidos campos. 

O breve resumo biográfico a seguir é uma homenagem da Sociedade Museu do Mar à memória de um verdadeiro “Lobo do Mar”. 

Breve biografia de Carlos Alfredo Hablitzel 

Em 1920, a família de Carlos Alfredo Hablitzel veio para o Brasil a bordo do navio italiano “Ré Vittorio”. 

Em virtude dos negócios paternos, toda a família realizou diversas viagens marítimas, circunstância que marcou indelevelmente o espírito do menino que, desde a mais tenra idade, já se iniciava na coleta de documentos e informações sobre o trágico desaparecimento de navios famosos, tais como o “Orânia”, o “Flórida”, o “Principessa Mafalda”. 

Desse modo, começava a se delinear na personalidade do menino em formação o fascínio pelo mar e, na sensível retina infantil, a imorredoura memória das catástrofes marítimas. 

No ano de 1942, Hablitzel estudava engenharia em São Paulo, no Mackenzie, enquanto seus pais residiam em Florianópolis. Em entrevista de 1985, concedida para o Boletim Informativo “Santos-Sub em Revista”, o engenheiro compartilhou uma triste recordação: 

A Europa estava sendo literalmente destruida pela II Guerra Mundial e, no mar, a campanha submarina alemā atingia o auge. Em meados de 1942, o Brasil foi abalado pela notícia do torpedeamento de cinco navios mercantes nacionais, o “Baependi”, o “Araraquara”, o “Anibal Benévolo”, o “tagiba” e o “Arará”, provocando a morte de 652 pessoas. Dia 22 o Brasil decretou guerra às nações do Eixo, e todo o país entrou num transe sem igual, que resultou num furor cego contra qualquer estrangeiro que se parecesse com um alemão. Saqueavam e destruíam suas casas e propriedades sem exceção. Foi quando meu pai, apesar da naturalidade suíça, portanto neutra, mas preocupado com a segurança da família, resolveu queimar meus arquivos, evitando assim algum mal-entendido”. 

Perdeu-se então um acervo valioso e insubstituível de medalhas, bandeiras, livros e documentos da Marinha Imperial Alemā. conseguido na Suiça e junto aos imigrantes alemāes do sul do país, além de importantes pesquisas sobre a Marinha Mercante Brasileira. 

Os estudos do engenheiro Carlos Alfredo Hablitzel iniciaram-se pelos cursos primários na Escola Alemā do Rio de Janeiro e prosseguiram num curso ginasial parcial, de 1931 a 1933, em Basiléia, curso complementar no Ginásio Catarinense em Florianópolis, e curso universitário na Escola de Engenharia Mackenzie, em São Paulo, de 1938 a 1944. 

Em 10 de dezembro de 1945, Carlos Alfredo Hablitzel naturalizou-se brasileiro. 

Em 14 de outubro de 1948, casou-se com a paraguaia naturalizada brasileira Maria Graciela Dubrez, com quem teve três filhos: Luiz Alfredo, Ana Cristina e Carlos Eduardo. 

O fascinio de Carlos Alfredo Hablitzel pelo mar levou-o a fixar residência, em 1956, na cidade de São Vicente, onde planejava dar continuidade às pesquisas sobre História Marítima-Naval e os grandes naufrágios. Paralelamente, desempenhava suas atividades profissionais na engenharia, e foi assim que um novo campo de atuação surgiu, no campo das escavações arqueológicas. Quando dirigia a demolição de velhas casas em São Vicente, Hablitzel começou a encontrar, entre os escombros, grande variedade de objetos datados dos primeiros tempos da colonização brasileira. No antigo Córrego do Sapateiro, resgatou diversas louças e recipientes de produtos consumidos na região no século XIX. Na cidade de Praia Grande, casualmente, foi desenterrado um casco de navio, o qual após inúmeras pesquisas, o engenheiro descobriu tratar-se do “Maiden City”, veleiro inglês de três mastros, destroçado por violento temporal, em 1895. 

No vasto contexto das atividades profissionais de Carlos Alfredo Hablitzel, exercidas desde 1946, destacam-se: 

– Trabalho de cálculo estatístico e projeto de estrutura de concreto armado para grandes edificios da Baixada Santista; – Construção da Fábrica de Artefatos de Aço Tupy, no Centro Industrial Jaguaré, em São Paulo, em 1952; – Integração ao Primeiro Grupo Autônomo de Mergulho do Estado de São Paulo, em 1952; 

– Artigos para a seção “Porto & Mar”, como colaborador do jornal “A Tribuna” de Santos, versando estudos sobre História Marítima Brasileira, publicados entre 1957 e 1964 

– Construção da Guarujá Frio Pesca S/A, no estuário de Santos, em 1964; 

– Assessoria técnica da Cooperativa Mista de Pesca Nipo-Brasileira e da Compesca, de 1982 a 1985. Em 25 de setembro de 1970, Carlos Alfredo Hablitzel foi vencedor do Primeiro Concurso de Modelismo Naval, promovido pela Capitania dos Portos do Estado de São Paulo. 

Em 19 de janeiro de 1979, fundou o Museu Histórico Naval de São Vicente, cuja inauguração contou com as presenças do Prefeito Municipal, Dr. Koyu lha, do representante do Capitão dos Portos do Estado de São Paulo e outras altas autoridades civis e militares. 

entre as diversas atrações do grande acervo, 27 pinturas em óleo sobre tela retratando episódios marítimos brasileiros e estrangeiros, além de maquetes e dioramas de naufrágios, esmeradas produções de autoria do próprio fundador. 

Em 45 anos de vigorosas pesquisas, Hablitzel organizou também um arquivo com mais de 1300 naufrágios da costa brasileira, efetuando estudos em Buenos Aires, Londres e Barcelona. Tornou-se assim um dos maiores especialistas em sinistros marítimos do Brasil, além de um profundo conhecedor de história marítima-naval. 

Carlos Alfredo Hablitzel faleceu em São Vicente, em 6 de novembro de 1988, aos 69 anos de idade. Seu grande legado, o Museu Histórico Naval de São Vicente, foi mantido em funcionamento por esposa e filhos até o ano de 1992. 

Em 10 de setembro de 1993, a família Hablitzel transferiu a posse do acervo à Sociedade Museu do Mar, sediada na cidade vizinha de Santos. Finalmente, em 17 de dezembro de 2005, contando com recursos próprios, a Sociedade Museu do Mar inaugurou o Museu Marítimo de Santos, preservando um dos mais importantes acervos de arqueologia submarina e história marítima do Brasil, dando assim continuidade à notável obra de Carlos Alfredo Hablitzel. 

Luiz Alonso Ferreira e Carlos Alfredo Hablitzel. Março de 1983.

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