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Os primeiros submarinos – 1578/1859

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Os primeiros submarinos – 1578/1859

Os primeiros submarinos – 1578/1859

Fechar as escotilhas! Submergirl Desvendar os mistérios das profundezas marinhas sempre foi um sonho do Homem.
Todavia, somente a partir do século XVI apareceram os primeiros projetos conhecidos visando à construção de aparelhos submersíveis capazes de tornar possível o que até então parecia uma mera fantasia.
Na Europa e na América, em especial, engenheiros e inventores obstinados lançaram-se ao desafio, enfrentando as forças da natureza e desenvolvendo os mais fantásticos mecanismos, aprimorados paulatinamente por novas gerações de idealizadores.
O acúmulo de experiências e a conjunção de esforços permitiram assim o surgimento dos primeiros submarinos. Assim como outras inovações tecnológicas, ao longo da História, seu uso destinou-se a diversas finalidades, sobretudo expedições científicas e atividades militares.
Na primeira série de postagens do tópico “Submarinos”, Diário de Bordo imerge nas origens destas incríveis embarcações.

O ‘barco’ de Roterdã, um pré-submarino de madeira, construído pelos Países Baixos, em 1654


A original ideia de William Bourne – 1578

O primeiro projeto conhecido para um submarino navegável remete aos estudos de William Bourne (1535-1582), um matemático inglés, autor de importantes manuais de navegação, que serviu como artilheiro na Royal Navy.
Em seu livro “Inventions or Devises” (Invenções ou Projetos), publicado em 1578, Bourne baseou-se no princípio de Arquimedes (impulsão ou empuxo, que explica as forças atuantes responsáveis por manter um navio na superfície) para descrever um mecanismo pelo qual:
“É possível fazer um navio ou barco que pode ir debaixo da água até o fundo, e subir novamente, ao seu prazer. Se qualquer magnitude do corpo que está na água, tendo sempre um peso, pode ser maior ou menor, então ele deve nadar quando quiser e, do mesmo modo, afundar”
Em outras palavras, diminuir o volume para tornar o barco mais pesado que o peso da água que ele desloca, a fim de fazê-lo afundar. Torná-lo mais leve, aumentando o volume, para fazê-lo subir.
A grande contribuição de William Bourne foi a descrição de um princípio capaz de fazer uma embarcação emergir e submergir, mas ele jamais ofereceu uma ilustração do plano de um submarino.

Anos após a publicação de “Inventions or Devises“, o desenho acima foi apresentado como um esquema do submarino de William Bourne: almofadas envoltas em couro, que podiam ser aparafusadas na direção da linha central, visando criar uma câmara inundada, bem como, aparafusada para expelir a água e selar a abertura. Entretanto, Bourne escreveu sobre expansão e contração de estruturas e não exatamente sobre câmaras inundadas. Submarinos construídos na Inglaterra, em 1729, e na França, em 1863, conformaram-se justamente com sua ideia.
A primeira página de “Inventions or Devises“, de William Bourne, obra publicada em 1578

O submarino de Cornelius Drebbel – 1623


Contratado em 1603 como “inventor da corte” do rei Jaime I, da Inglaterra, o inventor, gravador e vidraceiro holandês Cornelius Drebbel construiu o que é considerado o primeiro submarino navegável.
De acordo com relatos, alguns dos quais podem ter sido escritos por verdadeiras testemunhas oculares do submarino, Drebbel se utilizou de um barco a remos envolvido em couro à prova de água, com tubos de ar ligados a flutuadores, de modo a mantê-lo em contato com a superficie e captar oxigênio. Como não havia motores na época, remos foram conectados ao casco e envolvidos na união com luvas de couro, que faziam a vedação. A primeira viagem foi feita no rio Tâmisa, com 12 remadores. O submarino ficou submerso durante três horas, atingindo 15 pés (4,57 metros) de profundidade. Diversas outras demonstrações foram feitas no Tâmisa, mas o desempenho do aparelho não gerou o entusiasmo do Almirantado britânico, que nunca empregou a invenção em combate.
Apesar de tais descrições, não existem ilustrações críveis do submarino de Drebbel. Relatos de que Jaime I chegou a presenciar uma demostração geralmente são aceitos, mas improváveis os que afirmam que o rei realizou um passeio subaquático no invento.
Recentemente, uma equipe de inventores contratada pela emissora britânica BBC fez uma réplica do submarino de Drebbel.

Cornelius Drebbel (1572-1633), o inventor do primeiro submarino navegável
Demonstração do submarino de Drebbel ao rei Jaime I, no rio Tâmisa, em 1623
Réplica do submarino de Drebbel, construído por uma equipe de inventores contratada pela emissora BBC. O aparelho foi testado com sucesso e encontra-se atualmente em exposição em Heron´s Square, em Richmond upon Thames, no sudoeste de Londres.

Contribuições do padre Marin Mersenne – 1634

Em 1634, o padre e matemático francês Marin Mersenne (1588-1648) teorizou que um submarino deve ser feito de cobre, de forma cilíndrica para suportar melhor a pressão, e com pontas pontiagudas, tanto para racionalizar como para permitir o curso inverso sem ter que se virar. Pressão? Para cada pé de profundidade, a pressão da água aumenta cerca de meia libra por polegada quadrada (Psi).

Padre Marin Mersenne (1588-1648)

O ‘barco’ de Roterdã – 1654
Projetado por um francês chamado De Son, o barco’ de Roterda, tinha 72 pés (22 metros) de comprimento, sendo provavelmente o primeiro navio subaquático construído especificamente pelo Conselho dos Países Baixos do Sul para atacar um inimigo, em especial, a Marinha Britânica. Este quase submarino – uma espécie de ariete semi-submerso – foi idealizado para se aproximar furtivamente da superficie e desferir um violento golpe capaz de furar a embarcação inimiga. O projetista alardeou que poderia atravessar o Canal da Mancha e voltar em um dia, afundando cem navios ao longo do caminho.

O ‘barco’ de Roterdã, um pré-submarino de madeira, construído pelos Países Baixos, em 1654

O submarino de Giovanni Borelli – 1680


Não há provas de que o fisico e matemático italiano Giovanni Borelli tenha construído um submarino, mas a ilustração abaixo continua a aparecer em livros e revistas – com muitas variações – como se fosse um barco real, às vezes erroneamente ligado aos projetos de Cornelius Drebbel ou Nathaniel Symons (ver abaixo, 1729). Borelli compreendeu o princípio básico do volume versus peso (deslocamento), mas ele ilustrou um sistema de lastro totalmente impraticável, pelo qual o peso seria aumentado ou diminuído, permitindo que um banco de sacos de pele de cabra se enchesse com água para descer o aparelho, comprimindo a água para subir de novo.

Desenho da obra “De montu Animalium” (Sobre o movimento dos animais), publicada em Roma, em 1680, apresentando o submarino supostamente projetado por Giovanni Borelli.
Giovanni Alfonso Borelli (1608-1679)


Os submarinos de Denis Papin – 1696


Sabe-se que o fisico e inventor francês Denis Papin construiu dois submarinos. Ele usou uma bomba de ar para equilibrar a pressão interna com pressão de água externa, controlando assim a flutuabilidade através do fluxo de entrada e saída de água para dentro do casco. Como propulsão, Papin recorreu a velas na superfície e remos debaixo d’água. O inventor projetou “certos buracos” em seu aparelho, através dos quais o operador poderia “tocar nos navios inimigos e arruiná-los de várias maneiras”.

Denis Papin (1647-1713)

O submarino de Nathaniel Symons – 1729


O carpinteiro inglês Nathaniel Symons criou um barco submergivel, operado por um homem, dotado de telescópio de casco, mas sem nenhum sistema de locomoção, como uma espécie de entretenimento público. Fechado por dentro, diante de uma multidão de espectadores, ele passou quarenta e cinco minutos debaixo de água. Após a apresentação, o inventor expandiu o casco, subiu para a superfície e passou o chapéu. Um homem deu-lhe uma moeda.

Uma polêmica de direitos autorais! Submergível construído por
Nathaniel Symons, em 1729 (algumas fontes indicam 1747), no mínimo cinquenta anos após o desenho de Giovanni Borelli – ver acima, 1680. Registra-se que o invento de Symons realmente submergiu por
quarenta e cinco minutos no rio Tâmisa.


A tartaruga’ de David Bushnell – 1776


David Bushnell (1742-1824) foi um inventor norte-americano e veterano da Guerra de Independência dos Estados Unidos. Em 1775, enquanto estudava na Universidade de Yale, criou o primeiro submarino usado em combate, apelidado de “Tartaruga”, pois se assemelhava a uma tartaruga marinha flutuando verticalmente na água. Sua ideia de utilizar água como lastro para submergir e emergir continua em vigor na atualidade, bem como, o uso da hélice, empregada pela primeira vez na “Tartaruga”.
A “Tartaruga” de Bushnell era rebocada na proximidade do alvo a ser atingido. Abria-se então uma válvula de pedal, de sorte a deixar entrar água suficiente para afundar, fechando-se depois a mesma válvula. O operador movia o aparelho debaixo do inimigo por meio de manivelas manipuladas através um pedal, que giravam duas hélices, uma para a frente, a outra para o movimento vertical. Num rombo aberto no casco inimigo, colocava-se um barril com 150 kg de pólvora, ligado a um detonador-relógio. Com as manivelas, o operador afastava-se do local da explosão. Para retornar à superfície, recorria-se a uma bomba localizada junto ao pé, que liberava a água para fora do casco.

Esquema do interior da “Tartaruga”, de David Bushnell. Em sentido horário, tem-se: Bomba acionada pelo pé para liberação de água, leme, snorkel (tubo respirador), parafuso destacável, hélice vertical, medidor de profundidade, hélice horizontal, válvula de entrada de água, bomba, lastro.

Às 11:00 horas do dia 6 de setembro de 1776, no decurso da Guerra de Independência, operada pelo sargento Ezra Lee, a “Tartaruga” atacou um navio britânico no porto de Nova York, provavelmente o HMS ‘Eagle’.
De acordo com os apontamentos de Lee, a “Tartaruga” foi rebocada por barcos a remos o mais próximo possível da frota britânica. Ele então navegou por mais de duas horas até alcançar o HMS ‘Eagle’. Sua primeira tentativa de anexar o explosivo falhou porque o parafuso atingiu um impedimento de metal. Lee chegou a trocar a broca, mas não conseguiu realizar a penetração. Uma história popular sustentou que a falha deveu-se ao revestimento de cobre do casco do navio. A Marinha Real Britânica começava a instalar revestimento de cobre no fundo de seus navios de guerra para proteger a madeira de danos causados por teredos e outras espécies marinhas. Todavia, fino como papel, o forro não poderia ter impedido o trabalho de perfuração. Bushnell acreditou que a falha de Lee era provavelmente devido a uma placa de ferro conectada à dobradiça do leme do navio. Quando o sargento tentou outro ponto no casco, ele foi incapaz de ficar abaixo do navio, abandonando a tentativa. Parece mais provável que ele estava sofrendo de fadiga e inalação de dióxido de carbono, o que o deixou confuso e incapaz de realizar corretamente o processo de perfuração através do casco do HMS ‘Eagle’. Diante da aproximação de soldados britânicos vindos da ilha dos Governadores, os quais avistaram o submersível e remaram para investigar, Lee liberou no mar o que chamou de “torpedo”. Suspeitos da carga à deriva, os britânicos retornaram para a ilha. O operador informou que o “torpedo” derivou para o Rio East, um estreito localizado a leste da ilha de Manhattan, onde explodiu “com tremenda violência, lançando bem alto grandes colunas de água e pedaços de madeira”.

O sargento norte-americano Ezra Lee (1749-1821), conhecido por operar o submarino “Tartaruga”, durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos

Embora considerado o primeiro ataque de um submarino a um navio, a ação da “Tartaruga” é mencionada apenas em registros americanos. As fontes britânicas não indicam relatos de um ataque de um submarino a um de seus navios naquela manhã ou mesmo das explosões referidas por Lee.
Segundo o historiador naval britânico Richard Compton-Hall, os problemas de conseguir uma flutuabilidade neutra tornariam inútil a hélice vertical da “Tartaruga”, sugerindo tais dificuldades técnicas que toda a história foi fabricada com o propósito de propaganda. Para o pesquisador, se Lee realizou um ataque foi em um barco de remo coberto, ao invés de um submergivel.
Em 1976, comemorando o bicentenário da Independência Americana e da “Tartaruga” de Bushnell, uma réplica do famoso submergível foi projetada por Joseph Leary e construída por Fred Frese. A réplica foi testada no rio Connecticut e atualmente pertence ao Connecticut River Museum.
Em 3 de agosto de 2007, três homens foram detidos pela polícia enquanto pilotavam uma réplica da “Tartaruga” a 61 metros do transatlântico ‘Queen Mary 2″, que estava ancorado no terminal de cruzeiros em Red Hook, no Brooklyn, Nova Iorque. A réplica foi criada pelo artista nova iorquino Duke Riley e dois residentes de Rhode Island, um dos quais afirmava ser descendente de David Bushnell. Riley foi notificado pela Guarda Costeira Americana por ter usado uma embarcação irregular e por violar a zona de segurança em torno do ‘Queen Mary 2’.

Réplica da “Tartaruga”, de David Bushnell, em exposição no Royal Navy Submarine Museum, em Gosport, Inglaterra.

O Nautilus’ – 1800


O engenheiro norte-americano Robert Fulton é amplamente reconhecido como o inventor do primeiro barco a vapor comercialmente bem sucedido, bem como, pelo primeiro submarino prático da História, o famoso “Nautilus”. A Fulton é creditada ainda a invenção de alguns dos primeiros torpedos navais do mundo, utilizados pela Marinha Britânica.
Entretanto, em 1797, o engenheiro vivia em Paris e ofereceu-se para construir um submarino para ser usado contra os principais inimigos da França, justamente os britânicos. Ele imaginava um “Nautilus mecânico, uma máquina que me lisonjeia com a esperança de poder aniquilar a marinha deles (dos britânicos)”. O próprio Fulton planejava construir e operar a máquina às suas próprias custas, esperando pagamento para cada navio britânico destruído. Ele previu que “se alguns navios de guerra fossem destruídos por meios tão novos, tão ocultos e tão incalculáveis, a confiança dos marinheiros desapareceria e a frota se tornaria inútil a partir do momento do primeiro terror”.

Robert Fulton (1765-1815), o criador do ‘Nautilus’, retratado pelo pintor anglo-americano Benjamin West, seu contemporâneo

Em 1800, depois de longos atrasos e várias mudanças no governo, Robert Fulton foi contratado por Napoleão Bonaparte para construir o “Nautilus”. O inventor fez uma série de submersões bem sucedidas a profundidades de 25 pés (7,62 metros), por períodos longos de até seis horas. A ventilação era garantida por um tubo ligado à superficie.
O “Nautilus” era essencialmente uma “Tartaruga de Bushnell” alongada, com uma hélice maior, além de um mastro e uma vela para o uso na superficie. Em testes, o aparelho alcançou uma velocidade subaquática máxima sustentada de quatro nós (7,4 km/h). Alçado ao posto de contra-almirante, Fulton fez várias tentativas de atacar navios ingleses, os quais se afastavam sempre que o avistavam. Contudo, suas relações com o governo francês deterioraram-se, ao ponto de um novo Ministro da Marinha ter-lhe dito: “Vá, senhor! Sua invenção é ótima para os argelinos ou corsários, mas fique sabendo que a França ainda não abandonou o oceano”.
Fulton resolveu destruir o “Nautilus” e vendeu-o como sucata. Ele chegou a propor uma versão melhorada, mas a maioria dos relatos afirmam que nunca construiu. Na literatura, o renomado escritor francês Júlio Verne (1828-1905) celebrizou o ‘Nautilus’ em sua famosa obra “Vinte mil léguas submarinas”, cuja primeira edição é de 1870.
O nome ‘Nautilus’ toi dado tambem a varios navios da Marinha dos Estados Unidos, incluindo o primeiro submarino nuclear do mundo, lançado em 1954.

A ilustração mais comumente reproduzida do ‘Nautilus’, desenhada dois anos antes da construção do submarino por Robert Fulton. O engenheiro adicionou um convés e realizou uma série de alterações não documentadas no produto acabado.
Submarino projetado por Fulton, em 1806, a pedido do governo dos Estados Unidos. O ‘Nautilus’ aparece aqui em forma de casco, com equipamento de vela de um veleiro de superfície. Um exemplo da “versão melhorada” nunca construída.
Réplica do ‘Nautilus’, em tamanho natural, no museu Cité de la Mer, em

Cherbourg-Octeville, França.


Submarinos na Guerra Anglo-Americana – 1812/1815


Pelo menos dois submersíveis foram relatados durante a Guerra Anglo-Americana, travada entre 1812 e 1815. Um deles foi referido por um almirante britânico pelo nome então genérico “Tartaruga”. Não há nenhuma verdade à afirmação que David Bushnell “voltou à ativa” na guerra de 1812. Naquela época, Bushnell, cuja família não ouvia falar dele há mais de 25 anos, estava na casa dos 70 e vivia com outro nome na Geórgia. O primeiro barco que pode ter operado apenas inundado à superfície foi atribuído a “um cavalheiro engenhoso chamado Berrian”, como relatado no New York Evening Post, que saiu para para fazer a batalha, em junho de 1814. Em 26 de junho, o aparelho estava fundeado na extremidade oriental de Long Island (ilustração abaixo). A milícia da vila de Sag Harbor, New York, tentou defendê-lo, mas foi surpreendida pelos britânicos, tendo quatro homens mortos ou feridos. O barco-torpedo foi então destruído pela canhoneira britânica ‘Sylph’ e pela fragata ‘Maidstone’.

Concepção artística de 1908, representando o ‘barco torpedo” norte-americano, utilizado em 1814, durante a Guerra Anglo-Americana. Ao fundo, os navios britânicos ‘Sylph’ e ‘Maidstone’, que destruíram o submersível

O outro barco ligado ao conflito anglo-americano é claramente um submarino. Seu desenho (abaixo) foi registrado nos cadernos de Samuel Colt, um projeto atribuído a Silas Clowden Halsey. Seu destino, segundo as anotações: “perdido no porto de New London, em um esforço para explodir um 74 britânico.” Além disso, nada mais é conhecido.
O desenho mostra o operador com uma mão no leme e a outra em uma manivela para girar a hélice e a broca. Semelhanças técnicas com a “Tartaruga”, de Bushnell: existe uma “torneira de água” e uma “bomba de força” na parte inferior do submersível, além de um “tubo de ar para empurrar para cima quando na superfície da água.” Um torpedo é ligado à broca por um cabo.

O desenho mostra o operador com uma mão no leme e a outra em uma manivela para girar a hélice e a broca. Semelhanças técnicas com a “Tartaruga”, de Bushnell: existe uma “torneira de água” e uma “bomba de força” na parte inferior do submersível, além de um “tubo de ar para empurrar para cima quando na superfície da água.” Um torpedo é ligado à broca por um cabo.


Um submarino para resgatar Napoleão Bonaparte?


Em 1820, agentes franceses possivelmente elaboraram um plano para resgatar Napoleão Bonaparte da ilha de Santa Helena. Para tanto, teriam recrutado Thomas Johnstone, um marinheiro e contrabandista inglês, que parece ter participado dos esforços de Robert Fulton no ‘Nautilus’. Johnstone deveria construir um submarino de 100 pés (30,48 metros) de comprimento para retirar Napoleão da ilha e transferi-lo para um navio a vela, com destino aos Estados Unidos. Quaisquer que sejam os fatos do caso, Napoleão morreu em Santa Helena em 1821, antes do possível submarino ser concluído.

Um esboço de Thomas Johnstone (1772-1839), datado de 10 de dezembro de 1834, retirado do frontispício do livro ‘Scenes and Stories by a Clergyman in Debt: Written during his confinement in the debtors prisons’ (Cenas e Histórias por um Clérigo em Dívida: Escrito durante seu confinamento nas prisões dos devedores), escrito por Frederic William Naylor Bayley.


O batiscafo de Brutus de Villeroi – 1832


Em 1832, o engenheiro francês Brutus de Villeroi (1794-1874) completou um pequeno submarino, semelhante a um batiscafo, possivelmente chamado de ‘Nautilus”, em referência ao submarino de 1800, criado por Robert Fulton. O submarino media aproximadamente 10 metros de comprimento, 1 metro de altura e 1 metro de largura, deslocando cerca de seis toneladas quando submerso. Estava equipado com oito luzes no topo para fornecer luz interior e uma escotilha superior com uma torre retrátil para navegação de superfície. Para a propulsão, possuía três conjuntos de pás de pés de pato e um grande leme. Dispunha ainda de escotilhas com selos de couro, a fim de tornar possível algumas manipulações fora do casco, um sistema de lastro pequeno com uma alavanca e pistão, e uma âncora. Comportava no máximo três homens.
O batiscafo de Villeroi foi demonstrado em Fromentine, Noirmoutier, perto de Nantes, França, em 12 agosto de 1832 e, em 1837, aos representantes do Reino dos Países Baixos. Villeroi tentou várias vezes vender seus desenhos de submarinos para a Marinha Francesa (1832, 1855 e 1863), mas o projeto foi aparentemente recusado todas as vezes. Em 1842, o engenheiro atuava como professor de desenho e matemática no Seminário Júnior Saint-Donatien, em Nantes, onde Júlio Verne também era um estudante, levando à especulação de que ele pode ter inspirado o projeto conceitual de Verne para o ‘Nautilus’, na obra “Vinte Mil Léguas Submarinas”. Entretanto, ainda não foram encontradas evidências seguras sobre as atividades de Villeroi em Saint-Donatien, bem como, nenhuma ligação direta entre o engenheiro e o escritor.

Desenho feito por dois oficiais holandeses que examinaram o “barco-peixe” de Brutus de Villeroi, em 1832

O ‘Brandtaucher’ – 1850


O “Brandtaucher’ foi um submersível desenhado pelo inventor e engenheiro bávaro Wilhelm Bauer e construído por Schweffel & Howaldt, em Kiel, para a flotilha de Schleswig-Holstein (parte da Reichsflotte), em 1850.
Em janeiro de 1850, Bauer, cavaleiro durante a guerra germano-dinamarquesa, projetou o ‘Brandtaucher” como uma forma de acabar com o bloqueio naval dinamarquês da Alemanha. O esboço inicial de Bauer atraiu a atenção do Ministro da Marinha, que lhe permitiu construir um modelo de 70 x 18 x 29 cm. O modelo foi demonstrado no porto de Kiel em frente a dignitários navais. Seu desempenho satisfatório levou à construção de um modelo em grande escala, financiado por contribuições do pessoal do exército e civis locais. Devido ao financiamento inadequado, a escala do barco teve de ser rebaixada e o desenho alterado e simplificado, resultando em uma profundidade de mergulho reduzida de 30 metros para 9,5 metros. O redesenho incluiu a eliminação do uso de tanques de lastro fechados para conter a água armazenada e expelida do submarino. Ao invés disso, a água foi mantida numa piscina no fundo do casco, abaixo do piso principal, sendo capaz de se mover relativamente desobstruída dentro desta área, quando o submarino mudava de orientação. A instabilidade resultante foi provavelmente um fator significativo que contribuiu para a perda do vaso.

Wilhelm Bauer (1822-1875), engenheiro alemão, inventor do ‘Brandtaucher’


O “Brandtaucher’ media 8.07 metros de comprimento e era impulsionado por uma tripulação de três homens, que giravam grandes rodas de piso unidas a uma hélice. Alcançava uma velocidade de três nós (5,5 km/h), mas isso não podia ser mantido por longos períodos de tempo.
Em 1 de fevereiro de 1851, o ‘Brandtaucher’ afundou após um acidente de mergulho, durante os testes de aceitação, no Porto de Kiel. O submarino apresentou falha de equipamento e afundou-se a 60 pés (18 metros) de profundidade no porto de Kiel. Bauer escapou deixando entrar água, aumentando assim a pressão do ar, o que permitiu a ele e aos seus dois companheiros a abertura de uma escotilha e o nado para a superficie. Esta foi a primeira fuga submarina a ser testemunhada e relatada.

Esboço do ‘Brandtaucher’, de um livro editado em 1896

Em 1887, o naufrágio do “Brandtaucher’ foi descoberto e o submarino resgatado, em 5 de julho do mesmo ano. Exposto primeiramente na Academia Naval de Kiel, em 1906 foi movido para o Museum für Meereskunde, em Berlim. De 1963 a 1965, recebeu restauro em Rostock, sendo colocado em exposição no Nationale Volksarmee Museum, em Potsdam. Atualmente encontra-se no Militärhistorisches Museum der Bundeswehr (Museu de História Militar das Forças Armadas Alemās), em Dresden.

O autêntico ‘Brandtaucher’, em exposição no Militärhistorisches Museum der Bundeswehr (Museu de História Militar das Forças Armadas Alemãs), em Dresden

Os submarinos de Lodner Phillips – 1852

Em 1852, o sapateiro americano de Indiana, Lodner Darvontis Phillips inventou dois submarinos de 40 pés (12 metros) de comprimento, ambos projetados na forma de charuto, forma agora clássica, mas com extremidades cônicas. Ainda alimentado por hélices manuais, o submersível possuía tanques de lastro operados manualmente. Um dos dois submarinos
para uso civil, principalmente voltado à pesquisa subaquática. O submarino foi utilizado com sucesso para explorar o fundo do lago Michigan sob a tensa supervisão de grandes multidões de curiosos. A versão militar tinha um propósito decididamente mais aguçado e estava equipada com uma mina de pólvora subaquática. Phillips se ofereceu para vendê-lo para a Marinha dos Estados Unidos, obtendo como resposta: “Nenhuma autoridade é conhecida por esta Mesa para comprar um barco submarino. Os barcos usados pela Marinha não vão sob a água”. Durante a Guerra Civil (1861-1865), o inventor novamente ofereceu seus serviços à Marinha americana, novamente sem sucesso.
As experiências submarinas de Lodner Phillips envolveram também sua familia. Esposa e filhos muitas vezes o acompanharam em pesquisas, testes e demonstrações. Eventualmente, o inventor mudou seus experimentos para o Lago Erie, mas a sorte não lhe sorriu e ele desapareceu com seus submarinos artesanais.

Provável fotografia do sapateiro e inventor Lodner D. Phillips

Fonte: http://www.therebreathersite.nl/12_Atmospheric%20Diving%20Suits/1856_Phillips/1856_Phillips.htm

Imagem publicada na referida fonte com permissão do P.A. Gruse Harris, autor de ‘Great Lakes First Submarine’ (O Primeiro Submarino dos Grandes Lagos), Livraria do Congresso, número 82-073727.
Esboço do submarino de Lodner Phillips. O inventor recebeu em 1852 uma patente para um “submarino de propulsão por hélice”. A inovação estava na direção, com seu movimento para cima e para baixo, que controlava a hélice por uma manivela ligada a uma junta giratória.
Em 1915, um submarino afundado há muito tempo foi descoberto no rio Chicago, com um operador morto em seu interior. Os jornais apelidaram-no de “Tolo Assassino”. Pode ter sido um dos submersíveis de Phillips. A legenda da foto diz: “Suspendendo o submarino ‘Tolo Assassino’ do Rio Chicago – 20/12/1915”.


Em 1856, Lodner Phillips patenteou ainda o seu “Submarine Exploring-Armor” (Armadura Submarina para Exploração), uma espécie de roupa blindada para mergulho (esboços abaixo). Todavia, ainda não foram encontrados registros que comprovem a construção do invento
.

Muitas características do projeto da roupa blindada de mergulho de Phillips serão vistas em modelos mais bem sucedidos, surgidos somente meio século mais tarde.

O ‘Diabo do Mar’- 1855


Após o naufrágio do ‘Brandtaucher’ (1851), Wilhelm Bauer imediatamente começou a fazer planos para um submarino maior e melhorado. Contudo, o governo de Schleswig Holstein recusou-se a apoiá-lo depois de sua má experiência com o primeiro submarino. Bauer então deixou Schleswig-Holstein e, nos anos seguintes, tentou obter apoio para sua invenção na Áustria-Hungria, no Império Britânico e na França. Em 1855, conseguiu um contrato com o grande príncipe de São Petersburgo, Rússia.

Durante esse ano, o engenheiro alemão construiu seu segundo submarino, o ‘Seeteufel’.
Muito menos informações são conhecidas sobre este submarino do que do “Brandtaucher’. No entanto, supõe-se ter sido duas vezes mais longo que seu antecessor, medindo 24 metros de comprimento. Em suas paredes de ferro de 1/2′ de espessura existiam 21 janelas. Tinha três cilindros grandes para prender a água como lastro de mergulho e foi projetado para uma tripulação de 12 homens.
Tendo aprendido com o desastre de seu primeiro submersível, Bauer forneceu ao ‘Seeteufel’ um dispositivo de resgate recém inventado: a câmara do mergulhador. Funcionando como uma câmara de ar, os mergulhadores podiam sair e entrar através dela na embarcação submersa.
O “Diabo do Mar’ provou ser um projeto muito bom. Em quatro meses, realizou 133 imersões bem sucedidas, a mais espetacular na celebração de coroação do czar Alexandre II, em 7 de setembro de 1855. Na ocasião, o submarino levou a bordo dezesseis homens, quatro deles membros de uma banda de metais que tocou o hino nacional russo, claramente ouvido pelos observadores na superfície.
Durante o 134 o mergulho, o “Seeteufel’ ficou preso na areia do fundo do mar. Ao esvaziar os cilindros de água com as bombas, a tripulação conseguiu elevar o submarino o suficiente para que a escotilha ficasse acima da linha d’água. Toda a tripulação, incluindo Bauer, foi salva, mas infelizmente o submarino retornou para o fundo do mar.

O submarino ‘Seeteufel’ (Diabo do Mar), de Wilhelm Bauer, 1855
Escultura em homenagem a Wilhelm Bauer, em Kiel, Alemanha.

Submarino caçador de tesouros – 1859

Em 1856, o já mencionado engenheiro francês Brutus de Villeroi (ver acima, 1832) imigrou para os Estados Unidos. Estabelecendo-se na Filadélfia, Pensilvânia, durante o final da década de 1850 desenvolveu vários submarinos.
Em 1859, Villeroi construiu para um financista da Filadélfia um submarino caçador de tesouros, com o objetivo de explorar o navio de guerra britânico ‘De Braak”, perdido próximo à foz do rio Delaware. O método consistia em mergulhadores operando do lado de fora de uma câmara de ar. O submersível realizou pelo menos uma imersão de 3 horas a vinte pés (6 metros) de profundidade.
nenhum outro detalhe a respeito deste submarino e conhecido. Contudo, o submarino caçador de tesouros não representou o fim da carreira de Villeroi no ramo. Durante a Guerra Civil Americana (1861-1865), o engenheiro desenvolveu novos projetos, oferecendo-os à Marinha dos Estados Unidos.
Os submarinos da Guerra da Secessão, porém, serão tratados por Diário de Bordo na próxima atualização do presente tópico.
Preparar para Emergirl

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